Entendo que um túnel na zona do Saldanha não vem trazer nenhuma mais-valia à vida dos lisboetas ou mesmo aqueles que precisem de vir trabalhar ou usufruir turisticamente de Lisboa. Mas enfim, há que respeitar outros pontos de vista sobre a Cidade de Futuro, cujas perspectivas podem ser diferentes. No entanto, gosto de perceber o âmago dos projectos e a visão que lhes está inerente. Por isso mesmo, tentei elucidar-me sobre a obra proposta, e acedi ao programa do candidato via internet, como qualquer cidadão poderá fazê-lo.
E é aqui que surge o meu espanto, quando leio no programa “ Lisboa com Sentido”: «Assumimos, então, como objectivos para Lisboa: Repovoamento, Reabilitação, Parque Mayer, Túneis, Espaços Verdes e Piscinas na Política de Bairros».
Não será um só túnel mas vários! A quantidade só por si gera, certamente, curiosidade pelo cidadão quanto à sua localização, mas flagrante é a contradição entre o investimento público em túneis (obra pública indubitavelmente) e a argumentação social democrata, veiculada ferozmente pela sua líder, assente na forte restrição às obras públicas de grande envergadura, dada à crise económica que o país atravessa.
Pergunto-me: Como se explica ao cidadão que uma determinada força política (PSD) defenda veemente uma contenção no investimento nas obras públicas, por razões de estratégia financeira, e o candidato dessa mesma força apresente um programa com obras para a cidade de Lisboa que implicam um vigoroso custo ao erário público nas mesmas circunstâncias socioeconómicas?
Não se explica, ou melhor explica-se pelo seguinte: Os túneis podem dar votos segundo alguns que se preocupam mais com o sucesso político do que com os Lisboetas e a cidade!