A Rua Garret mais vitaminada mas menos elegante!

FOTO RETIRADA DAQUI

Para as pessoas da minha geração, descer o Chiado é como sintonizar o canal história.

Andar na Rua Garret é sempre uma viagem no tempo, relembrando as idas à loja "Eduardo Martins", as compras dos tecidos na Casa Souza ou, mesmo, as empolgantes subidas e descidas dentro do elevador no Grandela, sempre na companhia da minha mãe. Tudo isso acabou - os tempos mudam e as cidades são dinâmicas, sem dúvida.

Hoje, as vontades de quem investe no Chiado voltaram em entrar em sintonia com o matreiro relógio do tempo, comprando e recentemente encerrando duas das lojas mais antigas do Chiado “sobrevivente”- pós incêndio.

Confesso não ter lidado nada bem com a nova situação. A Alfaitaria Picadilly, vizinha da Livraria Bertrand, transformou-se numa Loja Vitaminas. Daqueles espaços comerciais que nos sentamos contra a parede para comer a salada menos calórica “qualquer coisa”, pagando por três folhas de alface, tanto ou mais que meia dúzia de alfaces no Lidl!

Continuei a descer a Rua Garret quando levei outro beliscão do tempo: a minha loja preferida da “Pompadour” tinha virado “loja swarovski”!Foi duro, muito duro.

Entrei na "loja swarovski", para me situar no espaço e no tempo, conseguindo identificar algumas características da falecida loja, mas que se ofuscam no meio de tanta iluminação, parecendo fazer crer ao cliente que os vidrinhos expostos são mesmo cristais.

Vão me desculpar, mas a metáfora que me veio a mente desta actual Rua Garret, foi aquela silhueta feminina musculada por produtos vitamínicos, ostentando brilhantes swarovski em tudo quanto é roupa e acessórios, mas que qualquer mulher não invejaria! E mulher que não cobiça outra silhueta feminina é porque ela não tem mesmo nada de elegante!

A elegância do Chiado já teve melhor dias!