Como aprendi amar Lisboa...
Durante a leitura deste post, escrito pela minha amiga AS e publicado no recente blog Polaroid, fui invadida por um sentimento de saudade da minha antiga varanda.
Faço parte de um grupo de lisboetas, cujas memórias da infância e adolescência não se podem desassociar de uma varanda descoberta.
Tive a sorte dos meus pais gostarem de viver no último andar e serem amantes de uma irresistível panorâmica. Nos anos 60, decidiram ir viver para uma habitação com varanda, detentora de uma imensurável vista para a cidade, recortada a sul pelo Tejo e a norte pelo topo do Parque Eduardo VII. Quase toda a Lisboa “aos meus pés”.
Acordar todos os dias a olhar Lisboa, durante duas décadas, reforçou a minha responsabilidade como lisboeta.
O meu primeiro acto de combate por uma causa justa deve-se àquela varanda. Vivia-se o início dos anos 80, com reformas emergentes no sector da arrumação lá em casa – já todos os vizinhos tinham convertido as suas varandas em horrendas marquises, o que contribuiu para a irreflectida adesão . A solução prevista passava pela conquista da varanda.
Nessa altura assumi o movimento de protesto pelo uso diferente do que seria natural. Um espaço aberto, onde tinha crescido e provocado umas quantas tropelias, próprias de uma adolescência rebelde, seria fechado e forrado com estantes para livros. Sentia-me espoliada da minha liberdade de movimentos e do meu refúgio imaginário. Tal impropério familiar merecia uma reacção extremada, pelo que decidi impedir ingenuamente o único acesso, através do meu quarto. O sucesso da operação durou poucas horas: o uso colectivo pesou mais forte.
Na verdade aquela varanda ensinou-me a amar Lisboa!
1 Comments:
bravo!:)
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