Tuesday, June 08, 2004

Abençoados jacarandás

Primeiro domingo do mês de Junho. A cidade é absolvida das “horas de ponta” e engalanada de sol. A temperatura amena reivindica um passeio a pé, os oposicionistas podem sempre optar pelo trajecto a “quatro ou duas rodas”.
Volto a iniciar o meu giro por Lisboa. O ponto de partida é o Largo do Rato. Entro na Rua Alexandre Herculano no sentido da Avenida da Liberdade até encontrar, ao lado direito, a Rua Rodrigo da Fonseca. O desvio é prenunciado pela placa toponímica. Nesse troço de rua viro e posiciono-me de frente. Fico quieta. Há jacarandás de ambos os lados debruçados majestosamente sobre o enfiamento da rua. Contemplo a floração imaculada daquelas árvores. Tanta beleza embriaga-me. Imagino uma pintura bucólica mas é tão só uma parte viva desta cidade. Fecho os olhos e volto a abri-los. Abençoados jacarandás que nos fazem sonhar nesta época do ano em Lisboa.
A esta nova “receita” pode juntar-se q.b. de muita coisa...
Fica um sabor :

AS ESTAÇÕES

PRIMAVERA


Vai Clóris pelo prado às flores inata,
Branca na brisa, veemente nas verduras,
Mostrando as cores que, no ovo de prata,
Da primeira manhã se uniram puras.

A luz a leva. De Abril festas flamíneas
Espalha seu curso de floridas pernas;
De andorinhas, cerejas e glicínias
Vai remoçando satisfações eternas.

Tempo de amor que ao chão arranca a rosa
E aves nos ramos musical desperta,
Ovário onde a semente jubilosa
Do incorruptível infunde a Primavera.


(Natália Correia)








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