A tese da falta de jeito comunicacional do governo é um astuto argumento de recurso.
Tenho ouvido muita gente falar da
falta de jeito comunicacional das diversas personalidades políticas e públicas,
quando na realidade o que existe é um discurso pautado por ausência de
sensibilidade social, ou mesmo ausência de consciência social.
Ontem, na Quadratura do Círculo,
Lobo Xavier veio uma vez mais a terreno ornamentar o argumento de falta de
jeito comunicacional de Isabel Jonet, na qualidade de presidente do Banco
Alimentar contra a Fome.
Não querendo versar o argumento
de forma casuística, porque só releva uma mera desculpa individual e não atinge
o supremo objectivo desta tese aparentemente tão bem intencionada, esta tese
propaga a exclusividade de discursos estruturados apenas por empresas de natureza
comunicacional, focando o âmago do problema na linguagem do indivíduo e demite-o
da sua “inconsciência” social ou política.
Neste momento, a falta de jeito
comunicacional do governo é o álibi para cada gesto governamental que se
repercute na vida económica e social dos portugueses, cuja fundada explicação
se deve apenas ao modelo implacável em marcha de destruição do Estado Social.
Aliás, se o discurso governativo
não consegue convencer os portugueses é melhor os governantes rescindirem os
contratos com os seus consultores de comunicação que se movimentam em cada aparição
pública, agarrados ao telemóvel, vagueando por perto em modalidade sombra -
como um destes dias aconteceu com o ministro Miguel Relvas perante as câmaras
televisivas.
Na verdade a falta de jeito
comunicacional dá é muito jeito a essas empresas. Essa é que é essa!
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