Friday, December 14, 2012

A tese da falta de jeito comunicacional do governo é um astuto argumento de recurso.

Tenho ouvido muita gente falar da falta de jeito comunicacional das diversas personalidades políticas e públicas, quando na realidade o que existe é um discurso pautado por ausência de sensibilidade social, ou mesmo ausência de consciência social.

Ontem, na Quadratura do Círculo, Lobo Xavier veio uma vez mais a terreno ornamentar o argumento de falta de jeito comunicacional de Isabel Jonet, na qualidade de presidente do Banco Alimentar contra a Fome.

Não querendo versar o argumento de forma casuística, porque só releva uma mera desculpa individual e não atinge o supremo objectivo desta tese aparentemente tão bem intencionada, esta tese propaga a exclusividade de discursos estruturados apenas por empresas de natureza comunicacional, focando o âmago do problema na linguagem do indivíduo e demite-o da sua “inconsciência” social ou política.

Neste momento, a falta de jeito comunicacional do governo é o álibi para cada gesto governamental que se repercute na vida económica e social dos portugueses, cuja fundada explicação se deve apenas ao modelo implacável em marcha de destruição do Estado Social.

Aliás, se o discurso governativo não consegue convencer os portugueses é melhor os governantes rescindirem os contratos com os seus consultores de comunicação que se movimentam em cada aparição pública, agarrados ao telemóvel, vagueando por perto em modalidade sombra - como um destes dias aconteceu com o ministro Miguel Relvas perante as câmaras televisivas.

Na verdade a falta de jeito comunicacional dá é muito jeito a essas empresas. Essa é que é essa!  

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