Sunday, June 15, 2008

Por favor, um café!

Em Lisboa a rota dos Cafés / Pastelarias, apelidados de “antigos”, tem sofrido nestas últimas décadas baixas importantes, embora hoje em dia a situação desperte mais atenção.

Na Avenida de Roma ainda se conserva o Luanda e a Suprema para quem goste. Mais a sul, o antigo Café Roma deu lugar a um espaço de “fast food”, não passando a publicidade, o que veio permitir à Pastelaria Mexicana liderar o mercado da confeitaria na zona nesta última década – confesso que nunca fui fã desta rota meridional.

Na zona das Avenidas Novas resta a nostálgica Pastelaria Versailles, que em tempos idos concorreu com o antigo Café Colombo do outro lado da Avenida da República, não deixando de evocar o saudoso Café Monte Carlo localizado no demolido edifício do Teatro Monumental.

Na Baixa Pombalina ainda se pode frequentar o Café Martinho da Arcada, com os seus apetitosos pastéis de nata, o Café Nicola e a Pastelaria Suíça. Na zona do Chiado permanece a Brasileira e a Pastelaria Benard, embora está última sem o “glamour” de outros tempos.

São cafés que têm um estatuto próprio na história patrimonial de Lisboa, e por isso mesmo devem ser relembrados, mais ainda, visitados ou revisitados. Estes cafés têm estórias de vida, percursos geracionais, movimentos culturais impregnados nas suas mesas e cadeiras.

A este propósito, lembro-me, da estória subjacente à gíria lisboeta de “garoto”, pronunciada, tantas vezes, quando queremos um café pingado. A sua origem deve-se ao episódio de Pai e filho se deslocarem matinalmente ao Café para tomar o seu pequeno-almoço, e o progenitor formular o pedido dizendo: Por favor, um café para mim e outro para o garoto – sendo que este café era servido com algumas pingas de leite para enfraquecer o dito café.

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