Thursday, May 19, 2005

Lisboeta que é lisboeta...

A ideia deste “post” foi descaradamente roubada à AS, via telefone, com duas mensagens escritas e uma confirmação directa: Avança, rapariga!
O mote, no entanto, corre-me nas veias: Ser lisboeta.
E nestas coisas da vida lisboeta sou muito ciosa dos meus hábitos.

Por isso, mesmo…

Lisboeta que é lisboeta…


Vai petiscar umas sardinhas em Alfama no dia de Santo António. Comer sardinha num restaurante noutra zona da cidade não sabe a festa.

Vai ver as luzes de Natal à Baixa Pombalina. A única época do ano em que a Baixa tem gente à noite.

Mostra o Bairro Alto, o Castelo e o elevador de Santa Justa a um amigo estrangeiro que venha visitá – lo. O Lisboeta tem brio na sua cidade.

Sabe cantarolar: ”Lá vai Lisboa com a saia cor do mar …E todo o bairro é um noivo que com ela vai casar....”. As marchas populares, goste-se ou não, são uma forma de divulgação da comunidade bairrista.

Sabe onde fica o Museu do Chiado e o Museu de Arte antiga. Não há razão para os lisboetas fugirem dos museus, a arte quando nasce é para todos.

Leva os filhos ou os filhos dos amigos ao Jardim Zoológico. Este parque é muito mais saudável para levar as crianças do que os centros comerciais à hora de ponta.

Torce sempre por um dos clubes da capital quando o jogo é contra o Futebol Clube do Porto. A cor azul só é emblema lisboeta se for do belenenses.

Gosta de beber umas cervejitas na Cervejaria Trindade para comemorar os anos de um amigo ou uma derrota do seu clube de futebol. Hoje em dia é uma pena mas cada vez mais os povoadores desse local são maioritariamente estrangeiros.

Gosta de ir de cacilheiro até ao outro lado do rio. Principalmente até ao Porto Brandão, terra onde servem um arroz de tamboril invejável.

Anda de eléctrico. Pode é não fazê-lo por economia de tempo.

Conhece a rede das estações do Metro e só vem de carro para o centro da cidade se não houver mais nenhuma alternativa. A mania do carro ser um cartão de visita devia acabar.

Fica comovido quando aterra no aeroporto da Portela. Lisboa vista do céu é deslumbrante.

Não passa uma primavera sem ir até ao Chiado. Subir a Rua Garrett é uma tradição familiar.

Não escarra para a via pública. Hoje em dia as embalagens de lenços de papel vendem-se até nos quiosques dos jornais.

Não estaciona o carro no passeio em ruas estreitas impedindo os outros de passar. A vida custa a todos.

Não faz compras só no Colombo, Vasco da Gama ou outro centro comercial. O pequeno comércio precisa de apoio.

Não deita o lixo fora dos contentores distribuídos pela Câmara de Lisboa. A higiene urbana é um bem comum a preservar.

Não deita milho aos pombos nos Restauradores, Rossio, Praça da Figueira. Estes animais contribuem fortemente para a degradação dos monumentos desta cidade.

Não anda de bicicleta a meio da tarde de domingo no Parque das Nações. Mesmo o ciclista mais exímio não faz milagres no meio de uma avalanche de pessoas.

Fica indignado quando vê tantos prédios devolutos e a cair nesta cidade. Falam, falam, falam de reabilitação urbana mas os resultados estão à vista.

Tirou a bandeira nacional da varanda quando acabou o Euro 2004. Isto de estarem as bandeiras moribundas penduradas até cair a varanda não abona a favor do residente.

Leva o saco de plástico quando vai passear o cão à rua, de modo a acondicionar os eventuais dejectos do animal. Porque já deu para perceber que a ideia de que pisar #”#%$# dá dinheiro não funciona.

Vai de metro aos jogos de futebol lá para os lados da segunda circular. Esta mania de levar o carro só faz com que acabe por arruma-lo mais longe do que se viesse a pé.


Este rol pode ser participado por todos os lisboetas que quiserem …

Bem hajam!

5 Comments:

At 9:47 AM , Anonymous Anonymous said...

A candidatura da menina à Câmara já é oficial?

 
At 10:05 AM , Blogger Lolita said...

Eu sou a mandatária para a JUVENTUDE!

 
At 11:35 AM , Blogger Francisco said...

E as tardes de domingo no parque Eduardo VII? ainda mais durante a feira do Livro.

e...a feira da Ladra.

esqueci-me do belo do "pastel" de nata.

 
At 6:51 PM , Blogger Roxanne said...

Muito inspirado! Adorei!
Principalmente o "Fica comovido quando aterra no aeroporto da Portela. Lisboa vista do céu é deslumbrante." É a mais pura das verdades e já me aconteceu tantas vezes. Beijinho e parabéns pelo post.

 
At 9:48 PM , Anonymous Anonymous said...

Quer dizer que não és lisboeta. É que a letra é
" vai Lisboa
com a saia cor do mar,
e cada bairro é um noivo
que com ela quer casar."

;-)

 

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